CRIME

Trabalho análogo a escravidão em Guaratinga: trabalhadores são resgatados pela polícia civil.

Por: Redação   30/05/2025 - 13:33

Trabalhadores rurais, em condições análogas a escravidão foram libertados pela polícia civil na cidade de Guaratinga, dentre os setes trabalhadores resgatados, três eram indígenas da etnia Pataxó Hã-Hã-Hãe, o  resgate aconteceu nesta terça-feira (27). A operação foi desencadeada após uma denúncia anônima, segundo a Polícia Civil.

As vítimas relataram que enfrentavam jornadas de trabalho excessivas, viviam em alojamentos precários sem estrutura básica e sofriam restrições de liberdade, inclusive para buscar atendimento médico. Um dos trabalhadores só conseguiu ir a um hospital na cidade de Itabela, na mesma região, porque pediu ajuda a um colega, que precisou pagar o transporte com sacas de café.

Além disso, os trabalhadores informaram que: Produtos essenciais como cestas de alimentos, equipamentos de proteção (botas e luvas) e garrafas térmicas para água eram cobrados, aumentando ainda mais as dívidas impostas.

Os custos das passagens para chegar à fazenda foram transformados em dívidas. As dívidas eram usadas como forma de coerção, impedindo que os trabalhadores deixassem o local antes da conclusão da colheita de café.

A situação precária também incluía moradias improvisadas: a residência fornecida aos trabalhadores era uma casa de madeira com dois quartos, sem banheiro. Um dos trabalhadores, que também é pedreiro, precisou construir um sanitário improvisado, já que todos eram obrigados a utilizar o mato como alternativa. Nos fundos da casa, havia uma fossa a céu aberto que exalava mau cheiro, agravando as condições insalubres.

O delegado Robson Domingos, responsável pelo caso, informou que a polícia foi acionada após um dos trabalhadores conseguir contato com um familiar e relatar as condições em que estavam sendo mantidos. “A partir dessa informação, a delegacia iniciou as diligências e localizou a propriedade rural. Após o resgate das vítimas, seguimos com as investigações para identificar e responsabilizar os envolvidos nesse crime”, disse.

Os trabalhadores foram levados para um imóvel em Itabela, onde receberam alimentação, assistência básica e transporte para retornar às suas cidades de origem.

O Ministério Público do Trabalho (MPT) na Bahia instaurou um inquérito para apurar as circunstâncias do caso e as responsabilidades dos envolvidos. O dono da fazenda foi identificado, mas até o momento não foi localizado.