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Desigualdade extrema: 1% da população brasileira detém 63% da riqueza

Por:   07/07/2025 - 12:13

Um relatório recente da Oxfam, organização internacional que atua no combate à pobreza e à desigualdade em mais de 90 países, revela um cenário alarmante: no Brasil, 63% da riqueza está concentrada nas mãos de apenas 1% da população.

Os dados mostram ainda que, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) divulgada pelo IBGE em maio deste ano, o grupo de 1% mais rico do país possui uma renda média mensal 36,2 vezes maior que os 40% com menor rendimento. Em relação aos 10% mais ricos, essa diferença é 13,4 vezes maior.

De acordo com a PNAD, em 2024, o rendimento médio mensal real do 1% mais rico foi de R$ 21.767, um aumento de 0,9% em relação a 2023. Já a renda média do restante da população ficou em R$ 601, contra R$ 550 do ano anterior — uma alta de 9,3%.

 Concentração de ativos e desigualdade racial

Além da renda, a concentração de patrimônio também evidencia a desigualdade: os 50% mais pobres detêm apenas 2% da riqueza do país. O estudo aponta ainda que 0,01% da população brasileira concentra 27% dos ativos financeiros.

“Fica nítido que a propriedade de ações e participações, em termos econômicos, reflete uma plutocracia e não uma democracia”, destaca o relatório.

A desigualdade racial também aparece de forma expressiva. Em média, a renda da população branca é mais de 70% superior à da população negra. “No Brasil, a desigualdade de renda e riqueza anda em paralelo com a desigualdade racial e de gênero. Nossos super-ricos são praticamente todos homens e brancos”, explica Kátia Maia, diretora executiva da Oxfam Brasil.

 Terra concentrada

A Oxfam lembra que o cenário se repete no campo. Em estudos anteriores, a organização revelou que apenas 1% das fazendas e estabelecimentos rurais concentram 45% de toda a superfície agrícola do país.

“Temos de um lado poucos grupos que detêm a maior parte das terras, enquanto do outro estão muitas famílias com propriedades muito pequenas. Precisamos enfrentar essa desigualdade que, ano após ano, prejudica o desenvolvimento sustentável e o combate à pobreza, não apenas no Brasil, mas em toda a América Latina”, conclui Kátia Maia.