BELMONTE

Homem detido fazendo imagens em área de conflito

Por: RADAR 64  06/07/2020 - 09:18

Um homem foi detido no sábado, dia 04/07, enquanto utilizava um drone para capturar imagens da Aldeia Patiburi, que fica na Terra Indígena Tupinambá, em Belmonte, no extremo sul da Bahia. Uma outra pessoa que também operava o aparelho conseguiu fugir.

Em nota divulgada no domingo, dia 05, a Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SJDHDS) manifestou preocupação com a Aldeia Patiburi, já que existe um histórico de disputa entre os indígenas que vivem no local e os fazendeiros da região. Entre os locais que o drone capturou imagens, está a casa da cacica Cátia, que foi alvo de várias ameaças de morte e foi inserida no Programa de Proteção de Defensores de Direitos Humanos (PPDDH).

Ela contou que, na delegacia, o homem que operava o drone falou que foi contratado por um fazendeiro que já entrou em conflito com os indígenas. “Eram dois, um conseguiu fugir. O que foi encaminhado para a delegacia disse que foi contratado por um fazendeiro para fazer uma imagem da aldeia. Um fazendeiro que tem conflito conosco, tem trazido ameaças para a comunidade e para mim. O homem disse que não sabia o motivo da imagem”, afirmou.

O Secretário de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social da Bahia, Carlos Martins, declarou que a situação desperta atenção para a vulnerabilidade da aldeia e dos indígenas. “A localidade é palco de incansáveis ataques, partindo de fazendeiros da região, que a qualquer preço querem tomar o território. Em virtude do conflito, a comunidade já sofreu um bloqueio econômico que resultou na perda da sua produção de cacau, acarretando numa crise de subsistência séria. Agora, o drone levanta suspeita de uma nova investida contra a produção econômica da comunidade, já que estamos na época da produção e colheita do cacau”, destacou.

O homem que foi detido enquanto operava o drone foi encaminhado para a delegacia de Belmonte, que investiga o caso. A Polícia Civil informou que ele tem habilitação junto a Anac e informou que foi contratado para fazer imagens apenas das terras da família em questão. Segundo a Polícia Civil, o caso foi registrado para fins de informação, por não existir, naquele momento, crime praticado por qualquer uma das partes, e o homem que operava o drone foi liberado.