NOTÍCIA
Reabertura parcial da ponte sobre o Rio Jequitinhonha escancara abandono estrutural e oportunismo político às vésperas do São João

Depois de mais de um mês de isolamento e descaso, a ponte sobre o Rio Jequitinhonha, na BR-101, no trecho de Itapebi (sul da Bahia), será parcialmente reaberta no dia 20 de junho — em pleno aquecimento para as festas de São João, uma das celebrações mais populares e politicamente estratégicas do Nordeste. A liberação, segundo o ministro dos Transportes, Renan Filho, será feita em sistema de "Pare e Siga", apenas para veículos leves e vans.
A interdição total da ponte desde o início de maio causou sérios transtornos à população, principalmente àqueles que vivem na zona rural e dependem da travessia para trabalhar, estudar ou ter acesso à saúde. Ainda assim, o governo federal só agilizou a resposta agora, justamente às vésperas do período junino, quando os holofotes políticos se voltam para o Nordeste.
A obra de uma nova ponte — com 510 metros de extensão e orçamento de R$ 100 milhões — está prevista para começar em julho, com conclusão prometida para até 12 meses. No entanto, o momento escolhido para a reabertura parcial levanta suspeitas: seria uma coincidência ou uma ação calculada para garantir visibilidade em um dos períodos de maior circulação e turismo da região?
Enquanto os gestores tentam passar a imagem de eficiência, a realidade da população foi de abandono, improviso e risco. Moradores chegaram a furar o bloqueio do DNIT para atravessar a ponte, revelando a urgência de uma solução que demorou demais a chegar.
O governo, agora, corre para mostrar serviço e controlar os danos à imagem. Técnicos coordenarão a operação com apoio do Governo da Bahia e de forças policiais, sob a justificativa de garantir o cumprimento das restrições de tráfego — mas o problema é anterior: faltou prevenção, cuidado com a infraestrutura e respeito com quem depende daquela ponte para viver.
O Ministério dos Transportes alega que a liberação emergencial “vai aliviar bastante a situação da população”. Mas o que se vê é um paliativo com data marcada, aparentemente pensado mais para evitar constrangimentos políticos durante o São João do que por real compromisso com a vida da população baiana.
Mais uma vez, a necessidade do povo vira palco para o oportunismo de gabinete.